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COP-30: O que é, por que importa e como ela se conecta com a Paraíba

  • Foto do escritor: Reportéres: Ana Vitória Cerqueira, Alice Joplin e Maria Clara Marques
    Reportéres: Ana Vitória Cerqueira, Alice Joplin e Maria Clara Marques
  • 3 de set.
  • 8 min de leitura

Atualizado: há 3 dias

Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, chamada de COP, é o principal fórum internacional para negociações sobre o futuro do planeta diante dos desafios ambientais. Desde 1995, a COP reúne anualmente líderes mundiais, cientistas, representantes de governos e da sociedade civil para debater políticas e acordos que possam limitar os efeitos das mudanças climáticas e garantir um futuro mais sustentável.


Em 2025, o Brasil ocupará o centro desse cenário ao sediar a COP-30, que acontecerá em Belém, no Pará. A escolha da capital amazônica não é aleatória: a Amazônia desempenha papel central no equilíbrio climático global, abrigando parte significativa da biodiversidade mundial e influenciando sistemas de regulação de chuvas e temperaturas. A COP-30 deve reunir chefes de Estado, organizações internacionais e especialistas para negociar metas mais ambiciosas de redução de emissões, financiamento climático e estratégias de desenvolvimento sustentável.


Vista aérea da cidade de Belém do Pará, a cidade será sede da COP-30
Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia

A importância da conferência, no entanto, vai além da arena global ou dos limites geográficos da Amazônia. Cada decisão, acordo ou orientação adotada nas COPs reflete-se em todo o território brasileiro, inclusive na Paraíba. Embora o evento aconteça na região Norte, os efeitos de suas discussões alcançam regiões como o Semiárido paraibano, tradicionalmente vulnerável aos efeitos da seca e à escassez de recursos hídricos.

Na Paraíba, a agenda climática ganha força com projetos de energias renováveis, novas políticas para adaptação à seca, agricultura sustentável e articulação entre poder público, pesquisadores e a sociedade civil. Os desafios locais, como a desertificação e a necessidade de proteção de recursos naturais, se conectam diretamente aos grandes debates globais. À medida que o Brasil fortalece seu protagonismo internacional ao sediar a COP-30, estados como a Paraíba têm a oportunidade de dialogar com experiências globais e consolidar suas próprias contribuições.


O que é a COP-30


A Conferência das Partes (COP) é o principal encontro anual da ONU que reúne países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Ela funciona como o órgão supremo de decisão dessa convenção, com o objetivo de avaliar e atualizar medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e combater o aquecimento global. Essa reunião ocorre desde 1995, reunindo representantes de praticamente todos os países do mundo para discutir acordos e estratégias que busquem limitar o aumento da temperatura global e favorecer a adaptação às mudanças climáticas. A primeira edição aconteceu em 1995, em Berlim, Alemanha.


A imagem apresenta uma linha do tempo das últimas cinco Conferências das Partes (COPs) da UNFCCC, culminando na COP 30 em Belém, Brasil, em 2025.

Ao decorrer dos anos foram firmados importantes marcos nas negociações ambientais, como o Protocolo de Kyoto, feito em 1997 para reduzir emissões, e o Acordo de Paris, adotado em 2015, que objetivou manter o aumento da temperatura média global “bem abaixo” de 2 ºC em relação à era pré-industrial, preferencialmente limitando-o a 1,5 ºC.


Por que a COP-30 importa global e nacionalmente


A edição de 2025, marca um momento histórico para o país, já que será a primeira vez que a conferência será sediada no Brasil. Esse fato coloca o país em uma posição de liderança nas negociações internacionais, destacando a importância da Amazônia como elemento-chave para o equilíbrio climático mundial.


De acordo com o portal oficial da COP30, o evento deverá reunir mais de 40 mil visitantes, incluindo cerca de 7 mil integrantes da chamada "família COP",  um grupo formado por delegações, equipes da ONU e representantes de países membros. O encontro é visto como uma oportunidade para o Brasil reafirmar seu protagonismo nas áreas de energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono, além de fortalecer seu papel em processos multilaterais importantes, como as conferências Eco-92 e Rio+20.


Entre os principais temas que serão discutidos estão a redução das emissões de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático para países em desenvolvimento, tecnologias de energia renovável, preservação de florestas e biodiversidade, além da justiça climática e seus impactos sociais. Esses pontos são fundamentais para que o mundo avance em direção a metas mais ambiciosas e eficazes no combate ao aquecimento global.


Para o Brasil, sediar a COP-30 é um marco estratégico que promove a discussão da Amazônia no próprio bioma, possibilitando um olhar mais próximo às questões dos povos indígenas, ribeirinhos e das comunidades locais. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "Agora, vamos falar sobre a importância da Amazônia dentro da própria Amazônia", ressaltando a ampliação do debate que antes acontecia distante da região. 


A conferência, assim, vai além do significado diplomático; ela tem o potencial de gerar impactos concretos nas políticas ambientais e sociais do Brasil e de influenciar positivamente iniciativas de sustentabilidade em todo o país, incluindo nas regiões mais afetadas pelos desafios climáticos, como o Semiárido paraibano.


Site oficial da COP indica que a COP 30 desempenha um papel essencial para estimular o financiamento climático e a criação de políticas integradas que unam desenvolvimento econômico sustentável e preservação ambiental, contribuindo para o enfrentamento da crise climática global de forma mais justa e eficaz. Esse compromisso global enfatizado pela COP-30 destaca sua relevância e o porquê de sua importância para o planeta e para o Brasil, país que se posiciona como protagonista nessa agenda.


Amazônia e Belém como sede da COP-30


Pela primeira vez, uma conferência das Partes da ONU sobre mudanças climáticas será realizada na Amazônia. Belém, capital do Pará, receberá líderes mundiais, negociadores, representantes da sociedade civil e formadores de opinião. A decisão de realizar a COP na Amazônia tem um forte valor simbólico e político. Belém é considerada a porta de entrada para a floresta brasileira e carrega em sua geografia, cultura e cotidiano as condições e desafios de viver em uma região estratégica para o equilíbrio climático global. 

Em entrevista à nossa reportagem, a arquiteta e urbanista Alice Piva, que participará da COP 30, faz parte da liderança jovem latino-americana por justiça climática e é especialista em regeneração urbana, explicou que sediar a COP em Belém é uma forma de colocar a Amazônia no centro do debate internacional. “Cientificamente a gente sabe que não pode perder a Amazônia. Se isso acontecer, não há chance de cumprir as metas globais nem de garantir um planeta habitável nas próximas décadas. Por isso, realizar a COP em Belém é simbólico: mostra ao mundo tanto a importância da floresta quanto as dificuldades concretas de viver em uma região que ainda carece de infraestrutura e alternativas de desenvolvimento para sua população”, afirmou.

Em relação às expectativas para o encontro,  a Conferência deve atrair compromissos mais concretos no enfrentamento às mudanças climáticas, sobretudo no financiamento de ações de preservação e adaptação em países em desenvolvimento. A presença de organizações sociais, ambientalistas e influenciadores também promete aumentar a pressão por metas mais ambiciosas e pela garantia de justiça climática. 

Mais do que um evento diplomático, o fato de que será em Belém tem potencial para se tornar um marco histórico. Ao colocar a Amazônia no centro da cena internacional, a COP-30 reforça a ideia de que não há solução global para a crise climática sem a proteção da floresta e sem o reconhecimento do papel fundamental das populações que vivem nela.


Como os acordos assinados na COP-30 em Belém podem influenciar no sertão da Paraíba?


Para o sertanejo paraibano, a seca é uma realidade cíclica e agressiva. Mas e se as decisões tomadas em um evento global na Amazônia pudessem alterar drasticamente esse cenário? A COP-30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém, ganha um novo significado quando vista sob a perspectiva do Semiárido. A Paraíba não pode ser um mero espectador. O Semiárido não é uma vítima passiva, é uma região com um potencial imenso de adaptação, e a COP-30 precisa refletir isso.


As decisões em pauta, que podem parecer distantes, têm potencial para trazer medidas de adaptação climática diretamente para a caatinga. Tecnologias de captação de água da chuva, fomento à agricultura familiar resistente à estiagem e o uso de energias renováveis como a solar e eólica podem receber mais incentivos e financiamento internacional.

A urgência do debate é comentada pela arquiteta e urbanista Alice Piva. "A gente sabe que o Nordeste é uma das regiões do mundo mais impactadas pela crise climática", afirma Piva. Ela cita: "A seca é uma dinâmica natural da nossa região, da nossa caatinga, mas ao mesmo tempo, ao longo das últimas décadas, a gente já tem pesquisas científicas que comprovam que ela é mais intensa, mais duradoura e mais imprevisível."

Para mostrar o quão crítica é a situação, Piva menciona dados do professor Alexandre Pires, da Universidade Estadual do Ceará. "Uma publicação que eles fizeram fala que para vários estados do Nordeste, o nível de aquecimento em relação à média histórica está muito acima da média mundial", explica. "No mundo, a gente superou no ano passado o 1.5°C de aquecimento em relação ao nível pré-industrial, mas na Paraíba, o que eu vi em uma pesquisa de uns três anos atrás foi de 2.4°C. Ou seja, a gente já tem um aquecimento de quase o dobro do que está acontecendo no mundo."

A COP-30 é uma oportunidade para o sertão paraibano. Mais do que falar de problemas, a Paraíba tem a chance de mostrar sua capacidade de inovar e se adaptar. As decisões tomadas na Amazônia podem, sim, mudar o destino da caatinga e, com isso, garantir um futuro de desenvolvimento para milhões de pessoas. O desafio agora é garantir que os acordos e promessas em Belém se transformem em esperança no Semiárido.


 Oportunidades e desafios no Nordeste


A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, em Belém (PA), em 2025, projeta uma sombra de desafios e oportunidades para a Paraíba. Longe dos holofotes da capital paraense, o estado nordestino precisa de uma articulação estratégica para não ser apenas um espectador, mas um protagonista. O evento, que reunirá líderes de todo o mundo, pode ser um catalisador de transformações, mas exige que a Paraíba se prepare para um futuro mais sustentável, com a urgência de uma agenda verde. A pressão global por metas ambientais mais rigorosas irá impactar a agricultura, o turismo e a indústria locais, demandando adaptação rápida e políticas públicas eficientes

Apesar dos desafios, as oportunidades são promissoras. A COP-30 pode colocar a Paraíba no mapa internacional de investimentos sustentáveis. O estado pode atrair financiamento para projetos de bioeconomia, turismo ecológico e tecnologias limpas. A riqueza da biodiversidade local, por exemplo, pode ser valorizada, gerando renda e empregos a partir da pesquisa e do uso sustentável de recursos naturais. O evento é um palco de negociações e parcerias, e a Paraíba precisa estar pronta para se beneficiar desse intercâmbio de conhecimentos e tecnologias.


A participação da Paraíba na COP-30, mesmo que de forma indireta, pode influenciar o futuro do estado. É a chance de mostrar ao mundo o potencial de suas iniciativas sustentáveis, como a proteção das áreas de mangue e o trabalho de recuperação da vegetação nativa. Ao mesmo tempo, o evento serve como um gigantesco laboratório de aprendizado. As discussões sobre mercado de carbono, financiamento climático e justiça ambiental são temas que a Paraíba precisa dominar para moldar suas políticas públicas e garantir um desenvolvimento equitativo e resiliente.

Em suma, a COP-30 não é apenas um evento distante na Amazônia. É um espelho que reflete a urgência e a complexidade do futuro climático para a Paraíba. A forma como o estado se prepara para absorver os impactos e aproveitar as oportunidades definirá seu caminho nas próximas décadas. A conferência é um convite para que o estado inove, se modernize e se posicione como um modelo de desenvolvimento sustentável na região Nordeste.

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